WePink, marca da influenciadora Virgínia Fonseca, é alvo de ação do MP por práticas abusivas contra consumidores

A empresa WePink – Savi Cosméticos Ltda, da qual a influenciadora Virgínia Fonseca é sócia, está sendo processada pelo Ministério Público de Goiás (MPGO) por supostas práticas abusivas contra consumidores. A ação civil pública foi protocolada nesta quarta-feira (8), em Goiânia, pela 70ª Promotoria de Justiça, que acusa a marca de publicidade enganosa, má-fé contratual e desrespeito ao Código de Defesa do Consumidor.

De acordo com o MP, a empresa admitiu ter vendido cosméticos sem garantir a capacidade de cumprir o prazo de entrega prometido — 14 dias úteis — o que caracterizaria oferta enganosa. A confissão teria ocorrido durante uma live, gravada e amplamente compartilhada por consumidores nas redes sociais. No vídeo, o sócio da empresa, Thiago Stabile, afirma:

“De fato, tivemos um problema de abastecimento, porque a gente cresceu muito rápido. […] Algumas matérias-primas acabam, porque a gente vende muito.”

O promotor Élvio Vicente da Silva, responsável pela ação, afirma que a empresa teria mantido as vendas mesmo ciente de que não conseguiria entregar os produtos no prazo, o que, segundo o MP, configura má-fé e fere princípios da relação de consumo.


Mais de 90 mil reclamações e 340 denúncias

Segundo a ação, a WePink acumula mais de 90 mil reclamações registradas em 2024 no site Reclame Aqui e 340 denúncias formais no Procon Goiás entre 2024 e 2025. As queixas envolvem atrasos nas entregas, dificuldade de reembolso, falta de atendimento eficaz, exclusão de críticas nas redes sociais e até entrega de produtos com defeito.

O MP também destaca o uso de uma estratégia de vendas chamada “Flash Sale”, baseada em promoções-relâmpago durante lives nas redes sociais. Segundo o órgão, esse modelo explora a vulnerabilidade dos consumidores, criando um senso artificial de urgência e impulsionando compras por impulso, especialmente entre jovens com pouca experiência em compras on-line.


Pedidos do Ministério Público

O Ministério Público solicita, em caráter de tutela de urgência, que a empresa e seus sócios sejam obrigados a:

  • Suspender novas lives promocionais até regularização das entregas pendentes;

  • Criar um canal de atendimento humano e efetivo, com resposta inicial em até 24 horas;

  • Estabelecer um mecanismo simples de cancelamento e reembolso, com devolução em até 7 dias;

  • Realizar a entrega imediata de todos os produtos pagos e não entregues;

  • Pagar multa diária de R$ 1 mil em caso de descumprimento.

Além disso, o MPGO pede que a empresa seja condenada a:

  • Pagar indenização por danos morais coletivos no valor mínimo de R$ 5 milhões, a ser revertida ao Fundo Estadual de Defesa do Consumidor;

  • Indenizar individualmente os consumidores prejudicados, mediante comprovação da compra e do não cumprimento da entrega ou defeito no pós-venda.


Procon já havia autuado a empresa

O Procon Goiás informou que lavrou um Auto de Infração contra a WePink em 26 de agosto de 2025, após constatar irregularidades. Em um dos casos, uma consumidora aguardava há sete meses a entrega de um produto que nunca chegou. A empresa também teria se recusado a reembolsar os valores pagos.


Código de Defesa do Consumidor e responsabilidade solidária

A ação está fundamentada em oito artigos do Código de Defesa do Consumidor, incluindo dispositivos sobre publicidade enganosa, práticas abusivas, direito de arrependimento e responsabilidade solidária entre os sócios. O MP sustenta que todos os envolvidos — incluindo Virgínia Fonseca — devem responder pelos danos causados, já que participaram ativamente das estratégias de marketing e tinham conhecimento das falhas operacionais.

O promotor ressalta ainda que a imagem da influenciadora contribuiu para agravar a vulnerabilidade dos consumidores:

“Seduzidos pela confiança depositada em influenciadora de renome nacional, realizaram compras legítimas, mas depararam-se com a realidade brutal de total descaso no pós-venda”, afirma Élvio Vicente.

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