O governo do Paraguai intensificou o controle migratório e as ações de segurança em suas fronteiras, especialmente na divisa com o Brasil, um dia após declarar o Primeiro Comando da Capital (PCC) e o Comando Vermelho (CV) como organizações terroristas.
A decisão ocorre em meio ao aumento da tensão na região, depois da megaoperação policial no Rio de Janeiro que deixou mais de 120 mortos.
Em comunicado divulgado nesta sexta-feira (31), a Direção Nacional de Migrações (DNM) informou que está em “estado de alerta nos postos de imigração do país”, atuando em coordenação com as demais instituições nacionais de segurança sob supervisão do Conselho de Defesa Nacional (Codena).
De acordo com o órgão, as forças de segurança realizam fiscalizações migratórias e de trânsito na Ponte Internacional da Amizade, entre Ciudad del Este e Foz do Iguaçu (PR), com o objetivo de identificar possíveis integrantes de facções criminosas. A vigilância também foi reforçada em outros pontos de fronteira.
Na véspera, o presidente Santiago Peña havia presidido uma reunião do Conselho de Defesa Nacional que elevou o nível de alerta em todo o país, com foco nas regiões de Amambay, Canindeyú e Alto Paraná — todas na fronteira com o Brasil. O encontro resultou na elaboração do decreto que reconhece o PCC e o CV como organizações terroristas.
Além da operação no Rio, outro fator que motivou a decisão foi o assalto a um banco em Katueté, cidade paraguaia a cerca de 60 quilômetros de Mundo Novo (MS). Na última quinta-feira (30), cerca de 50 homens armados usaram explosivos e até drones para roubar quase 900 mil dólares (aproximadamente R$ 5 milhões).
“Após os recentes fatos registrados no Brasil e em Katueté, adotamos medidas imediatas para reforçar a segurança nacional e proteger os paraguaios. Ordenei elevar o nível de alerta na fronteira e avançar na declaração do PCC e do Comando Vermelho como organizações terroristas. O crime organizado não prosperará no Paraguai”, declarou Peña em publicação no Instagram.
Segundo o governo, a nova classificação permitirá aplicar penas mais severas e fortalecer a cooperação internacional em segurança e extradição.
“Essas organizações vão além do crime comum — são terroristas que ameaçam a vida das pessoas e a soberania nacional”, afirmou o secretário permanente do Codena, contra-almirante Cíbar Benítez.
O ministro do Interior, Enrique Riera, explicou que o plano operacional já está em execução, com o uso de drones recém-adquiridos e integração entre unidades policiais e militares.
“A combinação das forças policiais e militares nos torna invencíveis. O Estado paraguaio utilizará toda sua força para proteger os cidadãos e garantir a segurança das instituições democráticas”, destacou Riera.
Além do reforço nas fronteiras, o governo paraguaio também anunciou o aumento da segurança em presídios que abrigam membros das facções e intensificação do combate ao contrabando e ao crime organizado durante o fim de ano.
As autoridades garantiram que as medidas não afetarão o trânsito nem as atividades comerciais nas regiões fronteiriças.
“Essas ações são preventivas e visam proteger a população, não causar medo”, reforçou Benítez.