A Secretaria de Segurança Pública de Goiás (SSP-GO) iniciou uma operação para apurar a possível comercialização de bebidas alcoólicas adulteradas com metanol em estabelecimentos do estado. As primeiras ações serão realizadas em Goiânia e na região metropolitana, conforme anunciado pelo secretário Renato Brum dos Santos durante coletiva de imprensa nesta quinta-feira (2).
De acordo com Brum, a investigação conta com o apoio da inteligência da polícia e envolve cooperação com autoridades de São Paulo, que já enfrentam um surto de casos relacionados à intoxicação por metanol. O objetivo é identificar rotas de distribuição de bebidas falsificadas que possam ter chegado a Goiás.
“Identificar a presença de metanol em bebidas é um processo complexo e depende da atuação da Polícia Técnico-Científica. Se houver qualquer indício de adulteração, amostras serão coletadas e encaminhadas para análise laboratorial”, explicou o secretário.
Brum também fez um apelo aos comerciantes. Segundo ele, quem tiver adquirido bebidas por preços muito abaixo do mercado ou sem nota fiscal deve acionar imediatamente os órgãos de fiscalização, como a Polícia Militar, Polícia Civil ou Procon.
“Talvez o dono do estabelecimento tenha comprado a bebida de forma culposa, o que não o isenta de responsabilidade criminal”, alertou o secretário.
Ação determinada por Caiado
A operação é uma resposta direta à determinação do governador Ronaldo Caiado, que ordenou uma força-tarefa para vistoriar distribuidoras de bebidas em todo o território goiano. A decisão foi tomada após os recentes casos de intoxicação por metanol registrados nos estados de São Paulo e Pernambuco.
“Determinei uma grande ação com todas as forças policiais e a Secretaria Estadual de Saúde para realizar inspeções em distribuidoras de bebidas em todo o estado”, afirmou Caiado em vídeo divulgado nas redes sociais.
O governador também tranquilizou a população ao afirmar que, até o momento, não há casos registrados de intoxicação por metanol em Goiás.
Casos de intoxicação por metanol em São Paulo
O alerta nacional se intensificou após a confirmação de mortes por metanol em São Paulo. Até esta quarta-feira (1º), o estado registrava seis mortes suspeitas — sendo uma confirmada e cinco em investigação. No total, são 37 casos suspeitos, com dez confirmações e outros 27 ainda sob análise.
A cidade de São Bernardo do Campo concentra a maioria dos óbitos, com quatro mortes confirmadas. As vítimas são todas homens, com idades entre 38 e 58 anos. Uma delas é o advogado Marcelo Lombardi, de 45 anos, que faleceu no dia 28 de setembro.
Desde o início da semana, seis estabelecimentos foram interditados cautelarmente pela Vigilância Sanitária em São Paulo. Entre eles, bares localizados na Bela Vista, Itaim Bibi, Jardins e Mooca, na capital, além de um bar em São Bernardo do Campo e uma distribuidora em Barueri, na Grande São Paulo.
A fiscalização também resultou na apreensão de mais de 128 mil garrafas de vodca lacradas em Barueri, que estão retidas até apresentação de documentação fiscal. Outras 802 garrafas foram apreendidas entre distribuidoras e bares na capital paulista.
O que é o metanol e os riscos à saúde
O metanol é uma substância química altamente tóxica, usada principalmente na indústria como solvente ou combustível. De forma ilegal, tem sido adicionado a bebidas falsificadas para reduzir custos de produção. A ingestão pode causar cegueira, danos neurológicos graves e até a morte, dependendo da quantidade consumida e da agilidade no atendimento médico.
As autoridades de saúde reforçam a importância de adquirir bebidas apenas de fornecedores confiáveis e denunciar qualquer suspeita de adulteração. Em caso de sintomas como náuseas, vômitos, visão turva, dores de cabeça intensas ou mal-estar após o consumo de bebidas alcoólicas, o atendimento médico deve ser procurado imediatamente.