Cidades

O que Caiado mira em Goiânia, Aparecida e Anápolis

Ronaldo Caiado já fez sua apresentação ao Brasil como pré-candidato. Deu entrevistas, lembrou que é direita antes de ser direita virar modinha, que passa longe do radicalismo da extrema-direita, e que pratica o antipetismo quando muitos dos atuais antipetistas estavam ainda na incubadora bolsonarista. Daqui pra frente é campanha, com seus períodos mais intensos e outros mais calmos, mais de manutenção da caminhada do que de grito no escuro.

A grande questão que se abre é o que fará o governador Caiado (União Brasil) no seu reino. Que tipo de cabo eleitoral será para seus apoiadores, do alto de seus 86% de aprovação, segundo recente pesquisa. Na mira, estão principalmente Goiânia, Aparecida e Anápolis. Nessas três cidades, a expectativa em relação à participação do governador é alta. Sandro Mabel, Leandro Vilela (MDB) e Márcio Corrêa (PL) ou Eerizania de Freitas (União Brasil) estão pendurados no governador. Sem ele, não vão longe.

Em outros tempos, o governador escolhia quem queria apoiar e se esforçava mais por estes, ou com presença, ou com recursos ou com estrutura diferenciada. No mais, esperava o resultado e depois ia lá negociar com os eleitos, que geralmente estavam mais tranquilos e dispostos a aceitar uma ajuda para pagar os restos de campanha, e mesmo para estabelecer acordos de governabilidade estratégicos para a cidade. Caiado vai entrar de verdade em quais campanhas? Bom de campanha, ele é conhecido por suas entregas eleitorais. Ocorre que há questões em aberto, em alguns municípios.

Em Goiânia, ele está bem avaliado. Vai arriscar esse patrimônio, na perspectiva de que basta apontar o dedo para que a população automaticamente obedeça e eleja quem ele quer? Ou levará em conta que transferência de voto não tem nada de automático, que pode indicar uma direção e a população tomar outra, impondo-lhe uma derrota gratuita, já que não há ninguém cobrando-lhe que vença na capital? Uma vitória em Goiânia sem um discurso nacional, nada mais que isso, pois todos entendem como obrigação o governador ganhar. Já uma derrota é um ponto negativo. E até que ponto está disposto a ir para ter o PL de Bolsonaro – que trocou Gustavo Gayer por Fred Rodrigues como candidato – com Mabel? 

Em Aparecida  há um outro ingrediente. A disputa ali virou um imbróglio total que chegou ao ápice com a consolidação da troca de Vilmar Mariano por Leandro Vilela. Vilmar não agradava ninguém, porém, estava no partido do governador, estratégia desde sempre arriscada que se revelou mortal para sua pretensão: foi Caiado que o avisou da mudança lá atrás combinada, mas que não deixa de deixar seus traumas.

Gustavo Mendanha (MDB), o ex-prefeito que nas pesquisas aparece como forte cabo eleitoral local, na prática, não tem candidato para chamar de seu, porque rejeitava Vilmar mas Leandro nunca foi propriamente uma escolha sua. Foi o que lhe restou apoiar para não ficar sem candidato. Melhor para o vice-governador, Daniel Vilela (MDB), que pode ter um parente na prefeitura ajudando na sua possível reeleição em 2024. Na boa: se Leandro ganha, bom pra ele; se perde, pior para o Gustavo. E Caiado? Agora está entre o candidato de Bolsonaro – Professor Alcides, PL – e o do MDB. Vai encarar como? E as consequências da mudança agora no jogo? Glaustin da Fokus (Podemos) candidato com apoio de Vilmar?

No caso de Anápolis, Eerizania é a candidata do prefeito e não saiu do lugar. Caiado vai pra lá enfrentar o líder absoluto nas pesquisas Antônio Gomide (PT) – até que, ok – e o candidato de Bolsonaro, Márcio Corrêa? Ficará contra Bolsonaro numa e na outra cidade, na boa fé que o PL apoie Mabel em Goiânia sem cobrar fatura? São questões postas e discutidas nos bastidores políticos. Mas pode ser que nem dilemas sejam para Caiado. Bom entender isso. Semana passada, o presidente do Detran-GO, Delegado Waldir, por exemplo, sugeriu ao prefeito Roberto Naves (Republicanos) que retire o nome de Eerizania. Sinais…

Caiado se movimenta por questões muito pontuais e particulares. Não se intimida e não fica em cima do muro. As anotações aqui funcionam mais como registro do que se ouve entre aliados seus, inclusive, e que têm fundamento na história política – ainda vamos estudar isso, ou nossos descendentes. Um parâmetro entre os dilemas naturais de um governador e as decisões que Ronaldo Caiado tomará. Sim, Caiado não tem dilema, tem objetivos pessoais e pragmáticos. Articula seus movimentos políticos por aí. Ele mira e atira.

Nem sempre sou assim, o livro

Quem me conhece, sabe ou desconfia: nem sempre sou assim. Sou de muitos jeitos, muitas tergiversações e prantos, mas também risos. Uma soma e uma subtração constante. O que você vê hoje pode ser menos; outra hora, serei mais. Quem controla essas coisas?

‘Nem sempre sou assim’ é o título do livro que todo mundo pode – e deve! – comprar a partir desta semana. Compre, leia, não venda ainda no sebo, deixa a gente vender mais, antes. Nem sei quantas crônicas são. Juro que não contei. E só está publicado porque fui mais esperto que o meu editor.

Por mim, eu ia deixando. Publico agora? Não, depois, não tenho pressa. Assim que eu penso e assim que eu faço: vou adiando as publicações do que tenho guardado. Esperto, mandei dessa vez o arquivo pro Iuri Rincon Godinho, da Contato, perguntando se valia a pena publicar. Ele já retornou perguntando quando queria lançar.

Iuri não para quieto. Deve ter problema. E isso é bom. As coisas andam. Eu sou assim, mais travado. E é dessas questões e outras que vivi e observo que trata o livro. Nada de política. Política fica para outra ocasião. Aqui estou eu, estamos nós, está a vida. Falo da vida. De viver. O livro é o mundo.

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