Em sua primeira entrevista ao The New York Times em mais de uma década, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) adotou um tom firme ao comentar a postura do ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, diante do Brasil. A reportagem, publicada com o título “Ninguém desafia Trump como o presidente do Brasil”, destaca a reação direta de Lula à nova tarifa de 50% sobre produtos brasileiros anunciada por Trump em sua campanha.
Durante a conversa com o jornal norte-americano, Lula criticou a falta de diálogo por parte dos EUA e afirmou que o Brasil tentou negociar por meio de ministros, mas “ninguém quis conversar”. Ao contrário de outros líderes que evitam confrontos diretos com o republicano, o presidente brasileiro optou pelo enfrentamento. “Talvez ele não saiba que, no Brasil, o Judiciário é independente”, ironizou.
Lula também condenou a tentativa de Trump de influenciar a política brasileira, especialmente em relação ao ex-presidente Jair Bolsonaro. “Não vamos negociar como um país pequeno diante de um grande”, afirmou o petista. “Temos interesses econômicos, políticos e tecnológicos, mas não há motivo para medo.”
Veja os principais trechos da entrevista:
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Vítimas da política – “Eu quero dizer a Trump que brasileiros e norte-americanos não merecem ser vítimas da política, se a razão para essa tarifa for por causa do caso contra Bolsonaro.”
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Civilidade – “Espero que a civilidade retorne à relação Brasil-EUA. O tom da carta [de Trump] mostra que ele não quer conversar.”
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Postura firme – “Se Trump quer confronto político, vamos tratar como tal. Se quiser falar de comércio, vamos conversar sobre comércio.”
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Sem submissão – “Vamos negociar como país soberano. Não abaixaremos a cabeça como se fôssemos menores.”
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Críticas à influência política – “Se o que você está me contando é verdade, é mais sério do que eu imaginava. A Suprema Corte tem que ser respeitada por todos.”
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Melhor que Bolsonaro – “Se Trump me conhecesse, saberia que sou 20 vezes melhor que Bolsonaro.”
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Sem Guerra Fria – “Temos boas relações com a China. Se quiserem uma Guerra Fria, o Brasil não participará disso. Vendemos para quem quiser comprar.”
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Fim do diálogo – “O que está impedindo o entendimento é que ninguém quer conversar. Todos sabem que tentamos contato.”
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Sem ultimato – “Quando há divergências, você liga, marca uma reunião. O que não se faz é impor tarifas como ultimato.”
Ao final da entrevista, Lula reforçou que respeita os Estados Unidos e sua importância global, mas exigiu o mesmo em troca. “Seriedade não significa subserviência. Eu trato todos com respeito e quero ser tratado da mesma forma.”