(Foto: Reprodução/Convite IHGG)
Jales Naves
Especial para o jornal A Redação
No evento, será prestada homenagem, in memoriam, ao jornalista Batista Custódio dos Santos, que fundou e dirigiu os jornais “Cinco de Março”, semanário, e “Diário da Manhã”, cuja coleção foi doada à hemeroteca do IHGG, por interveniência do jornalista Valterli Leite Guedes, presidente da Associação Goiana de Imprensa; Batista, que faleceu em 2023, aos 88 anos, e o filho Júlio Nasser serão diplomados pelo Instituto em reconhecimento do mérito pela profícua parceria com a entidade.
(Foto: Reprodução/IHGG)
Organizado por Eliézer Cardoso de Oliveira, Jales Guedes Coelho Mendonça, Nasr Fayad Chaul e Nilson Jaime, o livro contou com a participação de 17 autores de artigos e faz uma reflexão sobre a história de Goiânia, quando se comemoram os 90 anos de sua existência. A obra teve origem no simpósio realizado nos dias 18, 19 e 20 de outubro de 2023, em dependências do IHGG, quando se aproveitou para promover uma reflexão histórica sobre a nonagenária cidade.
Os primeiros testemunharam aspectos importantes da história da cidade e relataram, na primeira pessoa, o seu testemunho; os segundos, mergulharam em arquivos e na bibliografia existente para produzir uma interpretação crítica. “Por isso, o livro tem o melhor dos dois mundos: artigos com rigor acadêmico e testemunhos de grande riqueza cultural”.
História e injunções políticas
No artigo seguinte, o historiador Jales Guedes Coelho Mendonça, refletindo sobre “Os 10 anos do livro A Invenção de Goiânia: o outro lado da Mudança e os rastros do genocídio cultural”, passa em revista as hipóteses esquadrinhadas em sua obra e analisa a situação da Cidade de Goiás após a transferência dos poderes, sobretudo diante da remoção de suas principais instituições educacionais e dos funcionários públicos para Goiânia.
Em sua reflexão, o escritor Itaney Francisco Campos, autor do artigo “Goiânia: os impactos de sua criação em Campinas”, realça os aspectos históricos da cidade que voluntariamente se ofereceu para ser “canibalizada” para que a nova Capital pudesse existir. No artigo “Goiânia, entre o racionalismo da técnica e o pragmatismo da política”, o professor Eliézer Oliveira detalha que decisões aparentemente técnicas, como a deliberação sobre o local para edificação da cidade e a definição do nome “Goiânia”, além da escolha do dia 24 de outubro para lançamento da pedra fundamental, escondem interesses políticos que acabaram reafirmando o domínio de Pedro Ludovico Teixeira.
Encerrando a primeira parte, o artigo do jornalista Iuri Rincon Godinho, “O irresistível progresso de Goiânia na primeira metade dos anos 1950”, mostra o quanto a década de 1950 foi decisiva na configuração sociológica da cidade, servindo de transição de uma “cidade provinciana”, vigente até os anos 1940, para uma “metrópole moderna” que ganha corpo a partir da década de 1960.
Urbanismo e arquitetura
Um olhar testemunhal também aparece no artigo “Goiânia, cidade bem nascida: convivência com Goiânia desde a infância”, da escritora Narcisa Abreu Cordeiro, que acompanhou de perto a evolução histórica da cidade, atuando como arquiteta, professora universitária e autora de livros de referência sobre a capital estadual. Finalizando, o artigo “Marcos da arquitetura em Goiânia (1930-1980)”, produzido pelos escritores Eurípedes Silva Neto e Lenora Barbo, demonstra que a arquitetura de Goiânia não se resume ao Art Déco, já que a predominância de edifícios de estilos ecléticos perpassa também pelo neocolonial, o modernismo e o pós-modernismo.
Uma das características culturais mais visíveis da capital goiana é o vigor da música sertaneja, mas o professor Marshal Gaioso demonstra, no artigo “A cena musical goianiense e a banda Nilo Peçanha do Instituto Federal de Goiás”, que o mundo da música em Goiânia é bem mais complexo, com a presença de vários ritmos, variando do rock à MPB, das orquestras sinfônicas às bandas musicais. Um pouco dessa riqueza musical pode ser vislumbrada no artigo “A gênese dos festivais musicais de Goiânia”, do publicitário Hamilton Carneiro, que aborda, a partir da experiência do autor como jurado e participante, os festivais musicais que consagraram grandes nomes de cantores goianienses.
A riqueza das expressões culturais de um lugar pode ser mensurada a partir da sua produção literária. Goiânia, a cidade que tem nome de livro, foi o celeiro de grandes escritores de destaque nacional. No artigo “A cultura erudita em Goiânia: o teatro de Miguel Jorge”, o escritor Ademir Luiz analisa a peça ‘Ah, Shakespeare, que falta você me faz’, considerando-a como exemplo da cultura pós-moderna e cosmopolita vigente na cidade, capaz de dialogar de modo criativo com as produções clássicas da literatura mundial.
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