Governo de Goiás confirma primeiro caso suspeito de intoxicação por metanol e orienta população a evitar destilados

O secretário de Estado da Saúde de Goiás, Rasível dos Reis, confirmou nesta semana o primeiro caso suspeito de intoxicação por metanol no estado. Em vídeo divulgado pelas redes oficiais do governo, ele recomendou que a população suspenda temporariamente o consumo de bebidas alcoólicas destiladas.

“Estamos comunicando toda a sociedade para que tome esse cuidado, de não consumir bebidas alcoólicas, principalmente destiladas, já que existe um nível de suspeição sobre esse tipo de produto”, afirmou o secretário. Segundo ele, casos semelhantes já foram registrados em São Paulo, Bahia e Pernambuco. “Agora temos um caso em Goiás. O melhor a fazer neste momento é evitar o consumo”, reforçou.

Medidas emergenciais

De acordo com Rasível, o governo estadual já emitiu uma nota técnica e iniciou ações para capacitar os profissionais da saúde que atuam no atendimento público. O objetivo é garantir o acolhimento adequado dos casos suspeitos no Sistema Único de Saúde (SUS).

“Estamos instruindo todos os profissionais de saúde. Já emitimos nota técnica e revisamos as diretrizes de cuidado para esse tipo de paciente”, declarou. “Além disso, estamos providenciando antídotos e capacitando equipes para proteger a saúde dos goianos.”

Na última quinta-feira (2), durante uma coletiva de imprensa ao lado do secretário de Segurança Pública, Renato Brum, Rasível anunciou a criação de uma força-tarefa para identificar possíveis lotes de bebidas contaminadas em circulação no estado. Na ocasião, ele explicou que o antídoto para intoxicação por metanol é a administração de etanol hospitalar, que pode ser feito por ampolas ou via sonda nasoentérica. O governo também já trabalha para formar um estoque do produto.

Primeiro caso suspeito em Goiás

A paciente é uma mulher de 25 anos, moradora de Itapaci, que apresenta quadro grave de saúde. Ela tem histórico de obesidade mórbida e etilismo crônico, e atualmente está internada na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital do Centro Norte Goiano (HCN), com diagnóstico de insuficiência renal severa.

Segundo Rasível, a paciente relatou ter consumido bebidas alcoólicas durante um passeio em uma cachoeira com o pai e o irmão — que não apresentaram sintomas — e também em casa, onde a suspeita é de que tenha ocorrido a contaminação. Ela deu entrada no hospital com dificuldade respiratória e rebaixamento do nível de consciência, precisando ser intubada. O tratamento com bicarbonato de sódio não tem surtido o efeito esperado.

Entenda os riscos do metanol

O metanol é um composto químico tóxico, comumente usado em produtos industriais como solventes, vernizes e anticongelantes. Por ter cheiro e aparência semelhantes ao álcool etílico (etanol), pode ser utilizado de forma criminosa na adulteração de bebidas alcoólicas, especialmente destiladas, por ser mais barato.

A ingestão de metanol é extremamente perigosa e pode causar efeitos graves após algumas horas, quando o corpo tenta metabolizá-lo. Mesmo pequenas quantidades podem levar à cegueira, insuficiência renal, coma e até à morte.

Durante o metabolismo hepático, o metanol é convertido em substâncias altamente tóxicas, como o formaldeído e o ácido fórmico, que atacam principalmente o sistema nervoso central, olhos e rins. Os sintomas iniciais podem surgir entre 40 minutos e 72 horas após a ingestão, e incluem confusão, vômitos, dificuldade de coordenação, queda de pressão e perda de consciência.

Se não tratado rapidamente, o quadro pode evoluir para danos irreversíveis aos órgãos, convulsões, sangramentos e morte.

Tratamento exige rapidez

A intoxicação por metanol tem tratamento, mas a eficácia depende do diagnóstico precoce. Em ambiente hospitalar, o uso de etanol como antídoto pode retardar o metabolismo do metanol no fígado, reduzindo seus efeitos tóxicos. Em alguns casos, também pode ser indicada a diálise para remoção das substâncias do sangue.

A Secretaria de Saúde reforça que o uso de etanol como antídoto deve ocorrer exclusivamente sob supervisão médica, e que a população deve estar atenta a sintomas suspeitos após o consumo de bebidas alcoólicas.

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