A Moss Credit Carbon (MCO2), criptomoeda lançada como pioneira do mercado “verde” no Brasil, acumula uma desvalorização de quase 99% desde seu pico histórico. Criada pela startup Moss Earth com o objetivo de compensar emissões de carbono por meio de créditos ambientais, a MCO2 chegou a ser cotada acima de R$ 100 por token. Hoje, vale menos de R$ 1 — uma queda que expõe a crise de confiança em criptoativos ligados à sustentabilidade.
O projeto atraiu atenção de grandes empresas e do público ao prometer impacto ambiental positivo. Entre os apoiadores estavam nomes como Gol Linhas Aéreas, iFood e Banco C6. Em 2021, a criptomoeda estampou a camisa do Flamengo em um patrocínio de R$ 3,5 milhões. Com ambições globais, a Moss Earth buscou apoio de figuras influentes, como Elon Musk e Jeff Bezos, promovendo o token como a “criptomoeda da Amazônia”.
No entanto, o entusiasmo deu lugar à frustração. A partir de 2022, surgiram suspeitas sobre a validade dos créditos de carbono vendidos e denúncias que associavam a Moss a atividades ilegais na Amazônia, incluindo grilagem de terras e extração ilegal de madeira — práticas que contradizem os princípios ambientais defendidos pela empresa.
A credibilidade do projeto sofreu um duro golpe com a prisão de Ricardo Stoppe Júnior, ex-sócio da Moss e apontado como articulador de negociações de terras supostamente irregulares. Ele foi acusado de crimes ambientais e lavagem de dinheiro, agravando a desconfiança de investidores.
Além disso, e-mails internos vazados revelaram estratégias de marketing consideradas enganosas. A empresa teria tentado vincular seu nome a grandes investidores internacionais, sem confirmação de apoio real, numa tentativa de sustentar artificialmente a valorização do token.
Com o colapso do projeto, a Moss Earth anunciou a suspensão da emissão de novos tokens e sua saída do mercado de tokenização de carbono. Investidores que aderiram à criptomoeda no auge agora enfrentam perdas significativas, enquanto o caso se torna um alerta para o risco de iniciativas “verdes” sem a devida transparência e regulação.