Desde então, economia do Reino Unido patinou. O principal argumento dos Conservadores era de que, com o Brexit, o Reino Unido estaria livre das amarras da UE e poderia fechar acordos comerciais com outros países. Na prática, aconteceu o contrário: os custos de vida e dos negócios subiram, a burocracia aumentou e a parte da mão de obra estrangeira deixou o país. Em 2019, o PIB (Produto Interno Bruto) britânico cresceu 1,6%, de acordo com dados oficiais; em 2023, a expansão foi de 0,1%.
Convencer eleitores de que o Brexit falhou é ‘desafio’… Klaus Guimarães Dalgaard, da UFSC, explica que muitos dos votos conquistados pelos Conservadores em 2019 foram de eleitores tradicionalmente Trabalhistas que “viraram a casaca” justamente por causa do Brexit. Colocar a saída da UE em xeque agora, portanto, seria arriscado demais para Starmer, caso seja eleito primeiro-ministro. “Eles [favoráveis ao Brexit] fazem parte da base que vai elegê-lo. Ele só teria capital político para tentar algo do tipo em um eventual segundo mandato”, diz.
… Mas tema não é tratado por Conservadores ou Trabalhistas. A campanha eleitoral começa oficialmente em 30 de maio e, ao menos até o momento, nem Sunak e nem Starmer levantaram discussões sobre o Brexit. O primeiro foca em tentar convencer a população de que a economia está próxima a uma reviravolta; o segundo, em contrapartida, aposta principalmente nas promessas de trazer maior estabilidade e reduzir com as filas de espera no NHS, o sistema público de saúde do Reino Unido.
O Estado está falido, com queda na arrecadação todo ano. Não tem dinheiro para nada, e até por isso tem cortado gastos sociais, como o NHS [National Health Service, equivalente ao SUS brasileiro]. A economia está absolutamente um desastre. (…) Vários países europeus estão crescendo bastante, só o Reino Unido continua em queda livre.
Klaus Guimarães Dalgaard, da UFSC
Nada no país está melhor do que há cinco anos. A guerra [entre Rússia e Ucrânia] e a pandemia tiveram um impacto negativo no Reino Unido, assim como em todos os outros países. Mas a economia está patinando há anos, quase não cresce. (…) Estamos no quinto primeiro-ministro, o quarto em cinco anos. A sensação é de que o partido está um caos.
Kai Enno Lehmann, do IRI-USP
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