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Quem é o DJ Marshmello, a atração mais enigmática do Rock in Rio 2022


Especialista analisa disfarce do DJ e de outros músicos enigmáticos. Youtuber mascarado fala sobre o que leva celebridades a esconderem rosto: ‘Ideias são mais importantes que imagem’. Rock in Rio 2022 em 1 minuto: Marshmello
A cara de um dos grandes nomes da música eletrônica tem enormes olhos em forma de X, um sorriso meio sinistro e um quê de meme da internet. Só não espere ver a verdadeira face do DJ Marshmello. Ele se apresenta no dia 3 de setembro, mesma noite de Post Malone e Alok.
Veja a programação completa.
A atração mais enigmática do evento cobre o rosto com uma espécie de balde em forma de marshmallow desde que começou a aparecer nos festivais em 2015. Sites especializados no gênero ligam sua identidade à do DJ americano Chris Comstock, conhecido como Dotcom, mas tudo não passa de um boato nunca confirmado.
O músico, que estourou com um remix de “Where are ü now”, de Jack Ü e Justin Bieber, dá poucas entrevistas e quase nada se sabe sobre sua origem. Em uma biografia oficial, ele é econômico ao explicar por que decidiu esconder o rosto:
“Eu só quero fazer boa música. E para isso não é necessário você saber quem eu sou.”
Marshmello surgiu na esteira de outros DJs mascarados, entre eles o canadense Deadmau5 e o duo francês Daft Punk. Todos eles seguem uma longa linhagem de artistas que fazem do mistério seu maior merchandising – aí estão nomes como Sia, Kiss, Slipknot e Gorillaz. Mas o que está por trás do enigma?
A banda americana Kiss se apresenta no Monsters of Rock 2015
Flavio Moraes/G1
O que diz um especialista
A maioria dos mascarados cita a privacidade ou a “valorização da arte em detrimento da imagem” como motivação. Mas para Thiago Soares, professor e pesquisador de música e cultura pop da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), é impossível definir um elemento único que explique o comportamento de todos esses artistas. Ele faz algumas análises.
“No caso do Kiss, por exemplo, a maquiagem forte esconde até a idade deles. Eles envelhecem, mas não sofrem a repercussão disso. A máscara também redime um pouco esse lugar”, avalia. “Sobre a Sia, acredito que haja de fato uma estratégia poética. Também há uma crítica ao formato da música pop, ao artista como uma figura emblemática e central.”
“Todo artista constrói uma trajetória na mídia. A máscara é um componente lúdico nessa narrativa, é uma convocação para desvendar.”
Mas e o Marshmello? “Uma interpretação pode ser a crítica à supervalorização dos DJs, a essa coisa do DJ popstar”, analisa o pesquisador. “Me parece que ele também usa uma estética ligada à cultura digital, do emoji. A lógica do mascarado, do anônimo, também está muito presente na internet, com elementos como a máscara de ‘V de vingança’, o fake, o post anônimo.”
Soares também lembra que o culto às máscaras é bem mais antigo que qualquer astro do pop. “Não é uma coisa contemporânea. Faz parte da tradição do entretenimento a dimensão circense, cênica, que flerta com o teatro”, explica. “Os atores usavam as máscaras para encenar emoções. Essa ideia de esconder o rosto surgiu a partir do crescimento da visibilidade.”
O ponto de vista de um mascarado
Zangado faz sucesso na internet com vídeos sobre games
Jamile Alves/G1 AM
Se as máscaras têm tudo a ver com internet, é claro que as celebridades desse universo também não perderiam a oportunidade de criar seus próprios enigmas. Thiago “Zangado” é um dos brasileiros anônimos mais famosos entre os youtubers. Ele esconde o rosto desde que iniciou seu canal – hoje com 4 milhões de seguidores.
“Moro em uma cidade pequena e sou engenheiro. Não queria que a fama interferisse na minha vida e no meu trabalho”, justifica ao g1. “Concordo também com o ponto de vista do Slipknot e do Daft Punk, que querem que os fãs se concentrem nas músicas deles. No meu caso, nas coisas que eu digo e no exemplo que eu passo.”
Zangado diz acreditar que “as ideias são mais importantes que a imagem”, principalmente quando se fala com jovens. Por isso, acha que a máscara ajuda a passar as mensagens certas. “Todo artista deve ter um legado. Quando vou a um evento, sempre procuro mostrar a importância dos estudos, do relacionamento com a família, do respeito pelas diferenças… É o meu legado.”
“Se tenho olhos pequenos ou grandes, cabelos lisos ou não, é o que menos interessa. A minha identidade é essa.”
Para o pesquisador da UFPE, é preciso ter cuidado com o discurso do “não quero ser famoso”, especialmente na internet, onde a relação entre as máscaras e a vida real é ainda mais turva. “No caso dos youtubers, parece muito um discurso de marketing pessoal, de querer se diferenciar dos outros”, avalia. “O artista tem um palco. Para o youtuber, o palco é a vida dele. Estamos entrando em um momento de tanta visibilidade que o privado virou cênico. É a tirania da intimidade.”
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