O artista italiano Salvatore Garau voltou a repercutir nas redes sociais após a venda de uma obra inusitada: uma escultura invisível, intitulada Io Sono (“Eu Sou”, em português), arrematada em leilão por 15 mil euros (cerca de R$ 87 mil na cotação da época).
A escultura não possui forma física e foi “exposta” em um espaço vazio de 1,5 metro por 1,5 metro. O comprador recebeu apenas um certificado de autenticidade, que detalha: “Escultura imaterial para ser colocada em um espaço livre de qualquer obstáculo. Dimensões variáveis, aproximadamente 200 x 200 cm. Obra acompanhada de certificado de autenticidade emitido pelo artista. Obra registrada sob o número IM5. Procedência: coleção particular, Milão.”
Segundo Garau, a obra é composta por “ar e espírito”, e o vazio seria justamente o que dá sentido à peça, provocando reflexão e estimulando a percepção do público.
A obra foi leiloada originalmente em 2021, mas voltou à pauta após um post do perfil britânico Pubity, que relembrou a venda e viralizou, somando quase 1 milhão de curtidas.
Arte ou provocação? Outros casos polêmicos
O episódio reacende o debate sobre os limites da arte contemporânea, lembrando outro caso marcante envolvendo o também italiano Maurizio Cattelan. Em 2019, o artista vendeu a obra Comediante — uma banana colada na parede com fita adesiva — por cerca de R$ 35 milhões, em leilão na tradicional casa Sotheby’s.
O comprador foi Justin Sun, empresário e fundador da plataforma de criptomoedas Tron. Em comunicado, ele declarou: “Isso não é apenas arte. Representa um fenômeno cultural que cria pontes entre os mundos da arte, dos memes e da comunidade das criptomoedas.”
Cattelan produziu três versões da obra, que gerou debates acalorados no mundo da arte ao ser exibida pela primeira vez em Miami.
Releitura brasileira
Inspirado por essa discussão, o artista plástico brasileiro René Machado criou sua própria versão crítica da obra de Cattelan. Ele produziu uma instalação chamada Vendo maçã a preço de banana, na qual repetiu o gesto de colar uma banana na parede, mas incluiu também uma maçã, ao som de Otário, música do grupo Exalta Samba. A releitura foi publicada nas redes sociais e rapidamente ganhou atenção.