O grupo Hamas libertou, na manhã desta segunda-feira (13/10), 20 reféns israelenses capturados durante o ataque de 7 de outubro de 2023. A libertação ocorreu durante a madrugada, no horário de Brasília, e seguiu os termos do acordo de cessar-fogo firmado no Egito, com mediação do Catar e dos Estados Unidos. A entrega dos reféns foi feita de forma discreta, sem cerimônia pública, com intermediação da Cruz Vermelha e posterior repasse ao Exército de Israel.
O primeiro grupo libertado, com sete reféns, inclui:
Eitan Mor, os gêmeos Gali e Ziv Berman, Matan Angrest, Guy Guilboa-Dalal, Alon Ohel e Omri Meiran.
Outros 13 reféns devem ser entregues ainda nesta segunda-feira. Segundo fontes israelenses, a próxima libertação está prevista para as 8h (4h em Brasília).
Todos os reféns libertados foram levados à base militar de Re’im, no sul de Israel, onde passaram por exames médicos e reencontraram suas famílias. Três hospitais na região de Tel Aviv estão preparados para receber os sobreviventes, que, segundo a Cruz Vermelha, estão em condições razoáveis de saúde, após quase dois anos de cativeiro, supostamente em túneis subterrâneos.
Acordo prevê libertação de prisioneiros palestinos e ajuda humanitária
A libertação dos reféns marca a primeira fase de um acordo mais amplo, que prevê a soltura de até 250 prisioneiros palestinos condenados à prisão perpétua, além de 1.700 detidos durante o conflito. A libertação dos prisioneiros palestinos está condicionada à devolução dos reféns israelenses.
O reposicionamento gradual das tropas israelenses dentro de Gaza também já foi iniciado, segundo o Exército de Israel. O acordo prevê ainda o aumento significativo do envio de ajuda humanitária ao enclave palestino, com cerca de 600 caminhões diários levando alimentos, remédios, combustível e outros suprimentos. A operação humanitária está sob coordenação da ONU e organizações internacionais.
O coordenador humanitário da ONU, Tom Fletcher, afirmou que o plano de distribuição está “bem encaminhado”, com prioridade para crianças, gestantes e adolescentes. Entre os itens já entregues estão gás de cozinha, carne, frutas frescas e medicamentos.
Clima de tensão e esperança em Israel
Em Tel Aviv, milhares de pessoas acompanharam a libertação na Praça dos Reféns, centro simbólico de mobilização desde 2023. O grupo “Bring Them Home Now” organizou uma vigília durante a madrugada, com transmissão ao vivo das atualizações.
O embaixador dos EUA em Israel, Mike Huckabee, celebrou o momento em publicação nas redes sociais:
“É surreal estar aqui enquanto o primeiro grupo de reféns é libertado. É um momento como o pouso na Lua, em que o tempo congela enquanto assistimos a esse momento histórico.”
Além dos sobreviventes, o acordo também trata da devolução dos corpos de reféns mortos. Segundo o Hamas, 28 reféns faleceram durante o cativeiro, mas o grupo não sabe a localização de todos os corpos. Parte deles deve ser entregue ainda nesta segunda-feira à noite, de acordo com Hussam Badran, dirigente do Hamas.
Divergências sobre o fim do conflito
Apesar do avanço nas negociações, não há consenso sobre o fim da guerra. O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, declarou antes de embarcar rumo ao Oriente Médio que “a guerra terminou” e que este é um momento “muito especial”.
Por outro lado, o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, afirmou que o conflito ainda não chegou ao fim:
“Onde quer que tenhamos lutado, vencemos. Mas tenho de dizer a vocês que a campanha não terminou. Ainda temos importantes desafios de segurança à frente.”